terça-feira, 20 de julho de 2010

Fourteen - Someone you’ve drifted away from


Os valores sempre mudam, é verdade. A vida muda, as concepções e enfim algumas coisas relacionadas a círculos de amizade. De duas uma: ou eles se dissipam ou se tornam sub grupos para enfim se sublimar em pessoas com opiniões e memórias em comum. Dizer que é bom que seja assim? É , pode até ser... Mas a grande questão é o quanto eles significaram, o quanto eles ajudaram a construir uma pessoa, o quanto esboçaram muitas das coisas hoje existentes.
Mas essa é a grande questão. Foram inúmeros os motivos que levaram ao meu afastamento, a minha espécie de inexistência e inércia quanto a simples menção do nome de cada um de vocês. Eu e meu afastamento eu entendo. Foi somente uma consequência de cada um dos seus atos. Mas e as suas faltas?  E as suas ausências ? Sinceramente jamais vou entender e só digo que isso aprimorou a minha perceptividade do mundo e do quanto as pessoas podem ser falhas.
Me encanta o fato de que as pessoas depositam tantas objeções nos potenciais de terceiros e esquecem de si mesmas. Esquecem que podem fazer também. Por muitos textos e cartas postadas aqui mesmo eu sempre usei a frase 'Não queria que hoje fosse assim'. Neste caso eu digo que sim, digo que essa foi a melhor forma de sanar vários problemas de uma vez. Não que essa seja a solução mais honrada ou mais dotada de coragem, mas é a menos indolor. Atenha-se ao fato de que eu disse MENOS indolor.
Nós lutamos, não é verdade? Nós quisemos tanto, procuramos tanto religar as coisas. Mas quando algo tende a inclinar-se para o ostracismo, é difícil recuperarmos a sua essência. Por tantas vezes eu quis fazer parte de certas coisas mas havia ali uma parede de fumaça, algo que refletia o futuro. Agora penso de novo nas promessas. No nosso caso elas foram todas cumpridas. Acho que ambas as partes estão isentas de erros. Agora estou feliz, sinto que direcionei essa carta para as pessoas certas.



NINETEEN - Someone that pesters your mind

Rafael.Sinceramente não sei se te acho a pessoa mais inexpressiva ou se te torno uma das pessoas mais influentes da minha vida justamente por você ser assim, irritantemente perturbador. Você com certeza é uma das únicas pessoas que consegue me deixar tão confuso. Ninguém nunca conseguiu fazer minha cabeça quase entrar em curto quando expõe suas diversas fases para mim. Essas e outras questões que fazem meu senso embaçar, minha capacidade de articular e opinar parecerem tão bobas. Não sei, sua inexpressividade carregada, sua aura alheia ao mundo. Algo que de certo modo lembra a mim mesmo. Mas digo que você importuna minha mente de um jeito bacana, de um jeito que me faz querer mudar. Gosto da capacidade que tenho de absorver muito das pessoas, por isso gosto que você exerça essas impertinências. Já disse que gosto do que perturba.





EIGHT - Your favorite internet friend

Olá, Júlia Tessler!
Engraçado como eu te achei interessante ao ver sua foto e como você foi tremendamente ríspida quando te pedi para me adicionar. Era engraçado, eu morando no Tocantins e você no Reino Unido. Em poucos dias estávamos falando sobre coisas como vestibular ou sobre como a relação com meus amigos não estava boa.  Você me perguntou uma vez se eu era meio doido. Afinal, eu nunca nem te vi pessoalmente, não sei nem quem você é, apenas achei sua veia fotográfica interessantíssima. Lembra da explicação que eu te dei? Eu preciso de gente nova na minha vida. De preferência pessoas que eu não saiba nem como soa a sua voz. E conversamos por algum tempo, você me dando alguns conselhos bacanas e eu te escutando como se fosse a mais confiante das pessoas. Então uma vez eu te perguntei se você ia me adicionar. E você disse que não. Apesar de gostar das nossas conversas, só adicionava quem conhecia. E eu disse que você estava certa. E hoje suas respostas aos meus scraps estão lá, ainda guardadas. A gente nem se fala mais, mas eu de vez em quando ainda lembro dos seus conselhos. Obrigado por não me conhecer!^^



TWENTY-SEVEN - The friendliest person you knew for only one day

Estava um calor infernal naquela manhã. O ônibus não chegava logo e o terminal parecia uma assadeira gigante. Um pouco sem jeito você se sentou ao meu lado e me ofereceu um pouco de água. Eu estava precisando me hidratar. Sorvi alguns goles e puxei conversa. E foi muito engraçado quando você disse o seu nome. Foi esquisito. Era o mesmo nome da personagem principal do novo livro que estou escrevendo.
Alicia.
Me parei analisando seus traços para ver se algo equivalia ao que sempre criei para a imagem de minha personagem. Não se parecia muito. Você era menos misteriosa, menos ríspida e muito amigável. E creio que era só bela, não bela e maldita como minha Alicia. E conversamos sobre escritores, você me perguntou sobre o exemplar de "A Menina do Fim da Rua" que estava em minhas mãos. Sem dúvida uma história perfeita.
Foi tudo muito efêmero. Em pouco tempo sua condução chegou e você saiu com um breve aceno entre cabelos negros e esvoaçantes. Esses eram da minha Alicia. Fiquei ali, parado, vendo você se afastar. Concluí que gosto de conhecer pessoas de jeitos inusitados. Esses serão para sempre lembrados. Mesmo que durem alguns brevíssimos minutos e que depois se tornem tênues na mente, como um sonho em uma noite de verão.
Te verei algum dia de novo? Sinceramente, nem sei se você era real.


2 pessoas se inspiraram:

Júlia disse...

300 cartas no mesmo dia, mas ok, olha, qual problema do celular, ou você não atende? eu tenho bonus de novo e fico tentando falar contigo e nada, fica dificil assim ne?
que maldade sua.
saudade de conversar contigo e agora meus bonus são de 30 reais ahahahaha
vamos falar pela eternidade se vc atendesse!
run!

Júlia Tessler disse...

uau, não sei nem o que dizer...

preciso admitir: ao ver o seu comentário no desnude-se, fiquei um tanto assustada. ao ler o seu post, eu passei de assustada a impressionada.

não vou mentir pra você: quem me conhece sabe que eu não sou muito boa pra lembrar das coisas, então não me surpreendeu nem um pouco o fato de eu simplesmente não lembrar de você - e, provavelmente, continuaria sem lembrar se você não tivesse me procurado.
resgatei uma vaga lembrança do seu nome e me lembro de ter perguntado se você era maluco ou algo assim. não lembro das nossas conversas (e agora acho uma pena).

achei incrível você ter lembrado disso tudo. e ter se importado. e se dar ao trabalho de escrever sobre isso e me procurar, mesmo depois de tanto tempo! uau!
eu conheço pessoas marcantes, aquelas que você troca umas três palavras na rua e jamais esquece, mas nunca achei que eu poderia deixar uma marca assim em alguém, ainda mais depois de tantos anos!

obrigada, cara, de verdade (pelo susto e pela surpresa)