sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eleven - A Deceased person you wish you could talk to


É inevitável parar pra pensar que hoje você estaria com dezessete anos, os tão odiados dezessete anos. E penso que você seria alegre como sempre, disposta a tudo pelos amigos, mais cheia de vida do que muitos. E como sinto sua falta, Carol. Você se lembra do que nós prometemos numa brincadeira imperceptivelmente fúnebre uma semana antes daquele fatídico 19 de maio há três anos? Você me deu de presente um pôster do Evanescence e ficou na minha casa até mais tarde.  E você disse: "Ah, eu adoro piano... Queria aprender. Saymon me promete uma coisa? Se eu morrer primeiro você toca 'My Immortal' pra mim? E se for você, eu toco 'Imaginary', combinado?"
Olhei pra você atônito, aterrorizado... Mas terminei concordando. E uma semana depois eu não toquei para você. Nem agora, três anos, dois meses e quatro dias depois de sua partida. Eu jamais vou conseguir me recuperar daquela maré de sentimentos que senti. Sempre haverá a indignação, o ódio, a dor, a tristeza... Mas eu prometi para você, não foi? Prometi que não iria te ver antes de ver todos os responsáveis pelo que fizeram com você sendo punidos.
 Foram três anos de uma espera longa e penosa.  Mas nós conseguimos. E quando eu ouvi no noticiário a notícia sobre o seu inquérito ter sido concluído eu não consegui me manter, eu não consegui me portar como sempre tento. Não nego que ontem pareceu aquele mesmo exato dia. Os rostos aterrorizados, as lágrimas teimosas, o desespero... Tudo era um borrão negro que agora finalmente começou a se tornar alvo, para enfim sublimar.
Ah, minha Carolzinha... Agora sinto que descansarás bem mais, que agora enfim todos os seus laços voltaram a suas mãos, e agora o que temos é a lembrança de seu doce sorriso, da sua doce forma de ver a vida. Eu poderia ter vindo aqui para conversar com você... Mas agora já chega. Eu importunei sua memória demais, nunca quis deixá-la ir. Saiba que durante estes três anos, não existiu uma noite em que eu não repetisse o seu nome antes de dormir. Queria escrever algo mais rebuscado, mas simplesmente não tenho  condições.
Mas agora é tudo com você. Os Portos Brancos já estão chamando. Vá e não olhe para trás... Apenas quando souber que estamos precisando... E você sempre sabe.

Sinto sua falta...
Eu te amo.


Ao som de "Into The West", Annie Lenox.

1 pessoas se inspiraram:

Júlia disse...

é. você já sabe o que eu acho disso.

mas hei, ó, se você quer uma carta, eu espero que você não esteja mais esperando aquelas coisas bonitas e enfeitadas. sério.