quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre Novas Constatações e Insatisfações

É incrível ver que precisamos de safanões pra enxergar de verdade. Há verdades duras nas coisas que a vida revida. Voltei hoje justamente pra falar de tais coisas. Tanto as que satisfazem quanto as que terminam por nos indignar, mesmo que estejamos o mais bem possível com a vida e com tudo o que há nela, principalmente as pessoas...  E como é bom estar de bem com as pessoas e mais: se ver nelas. Mas nem tudo sempre são rosas. Já sentiram a sensação de inutilidade diante de algo? Tenho certeza que sim. E quando nos parece que realmente não vamos conseguir fazer nada é que o desespero é maior. Se abster, agir de longe se sentindo podado e de um certo modo você não fez nada pra isso, de certo porque a situação forjou.

Eu não gosto do fato de que alguma coisa boa pode ser frustrante. E a grande questão é essa: conviver com essa coisa dúbia, com essa coisa que parece que vai deslanchar ou despencar a qualquer momento. É sério, detesto ter que me acostumar. Ao passo que aprendi a me reconstruir constantemente acabei perdendo um pouco da capacidade bucólica que eu tinha de me demorar. Parar, olhar, pensar... Essa gama diversificada de pequenos desafios me dá nos nervos. “A vida é muito estranha, e é uma pena que o vigor físico não seja acompanhado pelo raciocínio lógico da experiência; corpo e mente têm pontos de partida diferentes” (Nelson Luiz de Carvalho).

Uma última constatação acerca das pessoas: Essas não cansam de me surpreender e por vezes de me assombrar também. Depois de tudo, prefiro pensar que agora tenho as pessoas certas ao meu lado.

sábado, 22 de maio de 2010

Lá e De Volta Outra Vez...



Sinceramente acho uma contradição estar postando aqui de novo. Sei lá, esse blog é tão antigo que fica até meio sem sentido eu começar a postar nele de novo. Isso sem falar no que o início dele representava e tal, mas eu decidi usar este mesmíssimo blog porque enfim tava com uma puta preguiça de fazer um novo... E outra, ainda tenho certo apresso pelos meus antigos posts, por isso os deixo aí ao seu bel prazer.
Enfim, pra começar só quero especificar o porquê desta data: 22/05/2010. Bom, exatamente HOJE está fazendo um ano que eu consegui voltar de um coma. Achei uma ótima data já que hoje divido a minha vida em: a.C. (antes do Coma) e d.C.(depois do Coma). Cara é simplesmente incrível o que 18 horas de coma fazem com a sua vida...  Parecem míseras não é verdade? Mas mudam MUITA coisa. Antes de qualquer coisa, uma nota: GRAÇAS A DEUS 2009 ACABOU!¬¬’.
Pois é, to saindo do foco, eu sei, mas só vou especificar que há muito já tinha vontade de voltar a postar aqui, organizar esse cantinho que tá entregue as moscas, o que ficou bem mais fácil, pois meu notebook chegou (me achei agora). Outra nota: não adianta! Quando meu notebook chegou, a voz de uma amiga minha veio na minha cabeça dizendo assim – “Saymon, quando cê tiver com seu computador nós vamos fazer uma festa!”

Sempre expresso que 2009 foi barra pra mim. O mundo é um espelho de nós mesmos.Essa foi, para mim, uma dura lição a ser aprendida.
Há um ano atrás, voltei daquele imprevisível coma por um milagre. Fiquei muito feliz por ter voltado e passei a dar um valor enorme a vida e tudo que há nela. Eu me sentia revigorado e usei a minha recuperação para transformá-la num novo começo, como se eu tivesse sido lavado de todos os meus erros e agora pudesse recomeçar do zero. Enfim, para mim, um novo começo significava alegria e e realização.
Mas infelizmente não foi assim. Tudo para mim pareceu ficar pior e particularmente nada estava dando certo. Muitas pessoas se afastaram. Passei um mês e quinze dias enfurnado em casa, só tendo a companhia de livros. Foi um período duro pra mim, porém eu já começava a entender que a partir dali eu teria de enfrentar muita coisa sozinho.
Porém um dia, me olhando no espelho eu percebi que não poderia continuar assim. Eu estava com 18 anos e ainda esperava que alguém aparecesse pra fazer companhia, papear e enfim, passar a recuperação comigo. Mas, naquela manhã eu percebi que ninguém viria.
Eu me sentia numa encruzilhada: ou eu voltava, fazia cara de Amélia, me deitava e birrava, esperando que alguém viesse me contar historinhas ou passaria por aquilo sozinho, de rosto erguido e orgulho inflado. Ninguém poderia fazer esta escolha por mim. Ninguém mais poderia afastar meus medos e inseguranças. Ninguém seria capaz de me ajudar até que eu mesmo fizesse isso. Os meses se passaram e eu fui aprendendo o que era caminhar só, ser responsável e segurar as pontas. Tinha me livrado do meu pessimismo, me afastado drasticamente de meus antigos amigos e mudado meus valores.
Então, pra dar um início “bem iniciado” transcrevo um dos meus textos que data de alguns meses após minha cirurgia-quase-fustrada (encontra-se como prólogo da minha 4° agenda):
“- Eu sabia que um dia, Saymon, você teria que revelar sua condição vampira. Nada de sol por um bom tempo, mocinho.
E eu disse:
-Que ótimo! Não gosto de sol mesmo!
Mas naquele momento eu percebi o quanto eu queria os raios de sol me esquentando, acariciando minha pele, brincando em meus cabelos e prendendo-se em meus longos cílios. Eu queria vê-lo de novo.
Preparamos tudo, me despedi da equipe médica, amigos que ali trabalhavam e desci lentamente a escadaria, cuidando para não passar pelos focos de luz. Era mais uma brincadeira do que ser cuidadoso. Mas na escada eu me deparei com um quadro. Era uma equipe médica operando um paciente e atrás deles estava Jesus supervisionando a cirurgia. Abri um largo sorriso e louvei em silêncio.
À medida que nos aproximávamos da saída do hospital, já no saguão de entrada, eu sentia novamente o cheiro que lembrava mel, lilás e sol, trazendo novos sabores. Canela, jacinto, maçã, água do mar, pão no forno, pinho, baunilha, priprioca, musgo, lavanda, rosas, chocolate... Fiz uma dezena de comparações em minha mente, mas nenhuma se encaixava com exatidão. Muito doce e agradável.
Então, aquele era o cheiro que tinha a vida? Aquele era o cheiro da felicidade? Bom, eu realmente não sabia. Dei uma olhada nas paredes tristes e nos vidros fumês: nada agradável.
Lá fora um táxi me esperava (na sombra, é bom lembrar^^’) e quando saí, uma rajada de vento levantou-se , e o calor da manhã me envolveu.
Vinte e dois de maio de dois mil ‘inove’ era o meu novo aniversário. Eu nascera de novo. Por algum motivo, escapei de três maneiras de morrer de uma só vez. A Morte deveria estar furiosa comigo. Mas eu nem me importava. Mas... Por que eu? Qual o motivo disso tudo?... Eu realmente não sei. Só sei que a partir dali tudo seria diferente. Afinal: ‘No tear que tece as nossas vidas não há fios com pontas soltas. Todos estão entremeados entre si e revestidos de significado. (Yuko Ichihara)’”.
Originalmente escrito em: 10/09/2009, ás: 14h49min



Sejam bem vindos. As pedras estão erguidas novamente.