sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Twenty - Four - The person that gave you your favorite memory

Se lembrar dos tempos, dos nossos momentos... Lembre da nossa música.
Naquele 26 de janeiro de 2007 eu levantara mais melancólico do que de costume. Na noite passada meu espetáculo fora notável diante de uma platéia de amigos. Àquela altura, de manhã, eu já havia feito o nariz de um colega sangrar e metade de suas canetas estourarem com meus sortilégios afoitos... E eu não dirigi uma palavra sequer a você, porque sabia que te machucaria. E segui assim até o meio da manhã, me roendo de vontade de falar contigo. Mas me desculpe... Eu precisava ser mais teatral ainda. Precisava consolidar o meu "grand finale".
E bem ali, no meio do pátio mesmo, enquanto você subia cabisbaixa, eu me aproximei sorrateiramente. Naquele momento o vento nos envolveu e eu olhei bem fundo em seus olhos. Você abriu os lábios para balbuciar algo, mas logo eu os serrei com meu indicador, num gesto de silêncio repentino. E suas palavras fugiram, escaparam. E eu somente te abracei quando naquele momento a música tocou em meus ouvidos. E todos olharam, todos coxixaram, mas só nós sabíamos a importância daquele gesto. Até hoje eu não sei denominar aquela música, mas sei que ela pôde ser ouvida em todo o Universo. Você vai sempre estar em meus melhores espetáculos, Mialle.


Foi a primeira vez que percebemos o quanto aquele lugar era alto. Minhas pernas tremiam e meus joelhos pareciam não querer me sustentar. Você exitou, mas me deu a mão e desceu junto comigo. Olhamos a rocha vermelha, o céu frio e avermelhado depois de um longo domingo chuvoso em que escutamos Epica horas a fio. Eu precisava de algo que raspasse a superfície dura da pedra para que deixássemos nossa marca lá. Era tão típico deixarmos nossos nomes aonde íamos... Era uma forma de dizer que éramos os Reis do Mundo, ou mesmo os Sultões de Cabul. Procurei até achar um velho caco de vidro. Com custo risquei nossos nomes na pedra, seguidos da data. 21 de outubro de 2007. E quando enfim terminei, com os dedos cortados, eu disse: "Pronto, um dia a gente volta aqui pra ver como o nosso nome vai estar". E quando juntamos nossas mãos, sentindo a pedra fria com os pés descalços, olhamos as luzes da cidade, o Homem de longos braços abertos sobre aquele monte e sentindo a brisa gélida passear entre nós, pudemos perceber: nós éramos os Reis do Mundo. E nós nunca voltamos lá... Mas este mundo ainda é nosso. Tudo é nosso, Janaína... Desde o princípio.


Eu não conseguia me conter de tanta ansiedade. Já naqueles dias eu nem queria tanto que as pessoas se importassem, porque afinal nenhuma delas saberia realmente como eu me senti. 21 de maio de 2010. Era a véspera da data em que faria um ano em que eu voltara de um coma. E tantos planos ocupavam a minha mente... E você apenas me olhou, segurou em minha mão e me guiou até o gramado que adorna o anfiteatro. E nós deitamos afim de admirar o céu estrelado que estava especialmente espetacular naquela noite. E naquele momento eu pude contemplar toda a beleza da vida, pude sentir toda uma Via Láctea dentro do meu peito... Pulsando e irradiando a vida com a qual eu tanto me importava agora. E eu não quis mais saber de nada. Começou a tocar Cazuza e nos lembramos de muita coisa... E você me pediu: "Promete que não morre mais longe de mim?". E eu te abracei forte e me senti tão feliz que meu peito doeu. Mas então Cazuza completou tudo o que eu queria dizer. Faz parte do meu show, meu amor... Você Maiza é um dos meus símbolos de vida, um amuleto dado pelo Único.


E se eu contasse todas as minhas memórias, definharia aqui na frente desta tela. Esses são pedaços de felicidade que flutuam em minha mente e que eu consegui segurar novamente por alguns segundos. E se não fossem vocês? E se não fosse tudo o que passamos? Muita coisa já teria se perdido. E elas se perdem, é óbvio, mas não são como as nossas que nos observarão por toda a eternidade... Sim, porque somos eternos.


Ao som de "Roslyn", Bon Iver & St, Vincent.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Enfim... Jus a tele-dramaturgia brasileira!


Na última terça-feira 10, na globo, foi exibido o primeiro capítulo da minissérie "A Cura". Agora, pouco tempo depois da exibição do segundo episódio, só devo levantar as mãos para o céu e agradecer porque enfim "Na Forma da Lei" chegou ao fim, com suas cenas pobremente mal filmadas, com seus cenários mais pobremente ainda arquitetados e com atuações irrelevantes, apesar de trazer um grande nome que me agrada muito: Ana Paula Arósio. Mas, eu a perdôo. Ela só estava no lugar errado e na hora errada. Mas defendo a minha tese de que nada com o Márcio Garcia no elenco vai para frente. Sério, para mim ele é um verdadeiro pé frio.
Pois bem, voltemos a falar do foco deste post. Escrita por João Emanuel Carneiro, "A Cura" conta com nomes de peso no elenco e como ator principal o sempre pra lá de satisfatório Selton Mello. Apesar do horário um pouco pobre, o das 23:00, parece pretender atrair a atenção de muita gente e aficcionados pelo gênero do qual trata a série.
O enredo narra a história de Dimas (Selton Mello), um médico com dons curativos que retorna a sua cidade natal, onde tem uma fama pra lá de denegrida. No passado fora culpado pelo assassinato de um amigo e até hoje carrega a desconfiança de todos nas costas, mesmo alegando ser inocente. Com pinceladas de paranormalidade e espiritualidade, "A Cura" traz rostos conhecidos mas com atuações tão inovadores que trazem muita credibilidade ao espectador. Muito diferente de "Na Forma da Lei"... Já deu pra ver que ela me decepcionou profundamente, não é mesmo? Mas deixemos isso de lado... Foi cancelada mesmo^^. Espero que o fantasma de Maurício Viegas não volte pra atormentar ninguém. Ou eu mesmo me encarrego de exorcizá-lo!
O autor declarou a FOLHA: "Tudo gira em torno da dubiedade dele, entre matar e curar. A ideia é antiga, sempre quis contar a história de um curandeiro e mexer com o fantástico no imaginário brasileiro." Há, também, uma história paralela, enigmática, do século 18: a de um cruel antepassado de Dimas que encontra, ele também, um curandeiro em seus dias.
Com 8 capítulos a minissérie já deixou muitos mistérios pairando, o que me impele a realmente assistí-la avidamente até o final. Fico feliz, acho difícil ela desandar com tantos responsáveis no corpo da série. Já quero o próximo capítulo!

P.S.: Vou voltar a postar as cartas, ando sem tempo, paciência e inspiração. Mas já voltei^^.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Thirteen - Someone you wish could forgive you

Não percebi que era um sonho mesquinho. E quando reclamava que eras rude comigo, tu me dizias que rude era o mundo lá fora. Eu sempre me mantive alheio a tudo o que se passava. Mas enquanto tudo girava, tudo desembocava em horrendos turbilhões, eu transformava minha vida numa frivolidade.
Meus amores, meus teatros, meus sonhos, nada tinha importância perto do que era verdadeiramente a vida. Reclamava que a vida não realizara meus sonhos de amor, minhas quimeras viajantes, só que a vida tem obrigações muito mais urgentes, muito maiores.
Tu disseste que meu capricho me amesquinha. E te digo que meu amor, esse meu jeito romântico e absurdamente melancólico que escondo o tempo inteiro, mas que só tu conheces tão bem, eram o que devagar me impulsionavam.
Mas digo que meu amor não é um capricho mesquinho. É apenas algo de rebelde em mim, que não condiz com minha sensatez quieta e por vezes calada. Por muito tempo não enxerguei nada além de minha tola e insensata fantasia. E tive vontade de te pedir pra se calar, de te olhar com pretextos bobos pra calar sua boca. Nunca tive nenhum. Me calava porque a verdade é atroz,não é?
Por muitas vezes me censuraram porque eu tinha a mania de ver a vida pela óptica do amor, das paixões ardentes além-morte, tu também, às vezes, mas terminava sonhando junto comigo, enquanto muitos a nossa volta viam a vida pela óptica do ciúme e despeito.Você nunca foi de romances, mas sempre esteve segurando minha mão. 
As vezes me parecia que os sentimentos não te importavam, mas para mim eles eram vitais. E como disse, às vezes era ríspida, me chacoalhava de meu mundo de sonhos. E eu pedi que se me amasse, me poupasses.  Com o passar do tempo alegava que a falta de minha paz, não te dava o direito de ser tão cruel.E percebi que eu era o mais cruel. Em meu desamparo, em minha doçura estranha, eu te feria de morte sem perceber.
E te peço perdão por todas as lágrimas que te provoquei, por todas as impossibilidades, pelas bipolaridades e por as vezes ser tão frívolo e indiferente. Perdoa-me por não querer que me esqueças, que me deixe de vez. Quero aprender mais contigo e deixar que o momento me leve e que o passado passe como tem que ser. Me ensinas?
Mesmo que seja irritante esse meu jeito 'Manuela' de escrever, esse meu jeito antigo que uma vez me disse parecer vir de "outra era". São tantos os motivos que eu escreveria sem parar, mas o verdadeiro perdão virá quando eu te abraçar bem forte novamente. Te amo.

Ao som de "Vidas, Amores e Guerras", Marcus Viana.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Twelve - The person you hate most


Sirva ainda frio o seu coração.

Ódio. Essa palavra é forte demais e por demais pessimista. Às vezes lembro-me de você como algo que me instiga ao ódio. Porém a capacidade de te odiar é inativa em mim. Você sabe disso e eu já disse. E é pelas coisas que eu disse que você sempre acha um jeito de me atingir bem fundo, mexendo numa ferida que eu prefiro nem lembrar. Sim, porque eu lembro... E como lembro. E essa é a faceta negra disso tudo. Você sabe que eu lembro, sabe da minha nostalgia tão corriqueira e parece gostar de me ver exatamente como eu era quando nos deixamos. Triste, acudo e cheio de máscaras sem utilidade.
E os sonhos que enterramos? E as tempestades que provocamos? E todas as coisas que esperamos e que nunca vieram?  Sei que em algum tempo incólume nossas almas esperam, nossos dedos se entrelaçam e se retém. Você diz que já não se importa... Mas sabe que eu me importo. E sabe o quanto eu odeio me importar, o quanto eu detesto ter que estar sozinho em uma causa, o quanto me dói aceitar que continuo sozinho em muitas causas. Quando se fode com a alta estima de alguém por um ano e meio é meio difícil tentar cobrar algo, não é verdade?
E se eu disser que não me sinto culpado? Você se irritaria? Sabe, eu gostaria que você se irritasse, pois assim eu saberia que você já não se encontrava indiferente. E por mais que estejamos distantes, por mais que os nossos carinhos tenham se tornado tacanhos, por mais densa que seja a cortina de bruma que ainda nos separa em nossos novos mundos, por mais que isso doa como dói, nada é pior do que a indiferença. Sabe por quê? Ela me lembra pena... E para mim, o pior sentimento que se possa sentir por uma pessoa além de pena é a indiferença.
Você sempre afirmou que eu nunca chorei ou choraria como você. E eu me pergunto se sua indiferença deixou que você enxergasse as lágrimas que corriam pelo meu ego. Foi tudo uma questão de ego ferido? Tudo uma questão de uma disputa burra de valores? Não, foi algo sublime e em algum lugar ele permanece bem e esperando, como se nada jamais tivesse acontecido, como se nós jamais tivéssemos passado por uma guerra ou como se agora não tivéssemos nenhuma das cicatrizes do ontem.
Eu era um coração pesado para carregar e tudo parecia muito deprimido. Eu atei meus dedos ao seu pescoço mesmo sabendo que você me deixaria ali lentamente pra que eu me afogasse em meus lamentos, em todas as coisas que me faziam chorar. Meu amor tem os pés de concreto e é como uma bola de metal maciço, não é verdade? Acho que ninguém aguentaria. Sou muito pesado para seus braços...
 E valeu a pena esperar todo esse tempo desperdiçado? Responda-me se você é forte o suficiente para ficar protegendo tanto o seu quanto o meu coração. Quem é o traidor? Quem é o assassino no meio da multidão? Eu quero que neste momento esta seja a minha última confissão: Eu TE AMO como nunca senti uma bênção. E sussurro isso como se fosse um segredo para condenar aquela que lê isso com um coração ainda pesado. Não tenho todas as suas armas. E é essa a única forma que eu tenho de me vingar.


Ao som de “Marcas de Ayer”, Adriana Mezzadri