sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Porque é que me deixastes?

"As pessoas não morrem... Ficam encantadas."

Algumas coisas precisam de conclusão. Outras se concluem sozinhas. A conclusão é como terminamos, acabamos, chegamos ao fim. Hoje, enquanto escrevo este texto, posso dizer que mais uma fase da minha vida chegou ao fim.
Quando perdemos alguém, seja um amigo humano, canino ou felino, sofremos porque temos certeza da saudade. Raramente compreendemos que aquela partida é um ponto final por aqui. Mas ela só leva a outra história.
Todos perdemos amigos que amamos. Alguns de forma mais brusca, outros de forma mais suave, mas, cedo ou tarde perdemos. A dor é inevitável. Não fuja dela, sinta e respeite a sua dor. Suas lágrimas são o alicerce de seu caráter, como a cera da vela que chora e se acumula ao seu pé. Elas o lembram do que é REALMENTE importante.
Quem parte leva consigo algo precioso. Parte do seu passado, de suas lembranças, de quem você é. Por isso mudamos tanto quando perdemos alguém. Não somos mais os mesmos. Não quer dizer que seremos piores a cada perda. Nem melhores. A mudança para pior, ou melhor, é escolha sua. É uma nova fase, uma nova etapa, em que alguém que você ama passou de nível e você precisa aprender a viver com uma dolorosa ausência.
Aquele espaço vazio no coração que não pára de doer... Não pára de doer porque não está vazio! Nunca estará se você deixar. Os amigos que partem continuam lá, morando em nosso coração. Você não precisa deixar de amá-los... Apenas aprenda que pode fazer isso com mais desapego. Amar deixando livre. É difícil pra caramba!
Que dói, dói! Dói MUITO! Doer sempre vai. Mas você se acostuma e a dor vira saudade, mas sempre vai doer. Se muito ou pouco depende de você. A saudade fica, mas o intervalo é breve. Vamos nos reencontrar com aqueles que amamos. Haritânes viveu entre amigos e deixou este mundo num sono doce e quieto. Nem toda ida é uma tragédia. Nossa amiga Tany era conhecedora da palavra, cheia de dons e portadora de luz e amor infinitos. Há sete dias atrás seus olhos se fecharam com um beijo dos céus, seu coração descansou e ela voltou a ser o que era um segundo antes de sua concepção. É preciso que entendamos... A Vida é a mais deslumbrante das coincidências. Ou seria o amor?  Tanto faz porque o amor é de fato uma das melhores coisas que há na vida e, portanto é vida também.  E eu me sinto muito honrado por ter tido ela ao meu lado por 19 lindos anos.
E sabe, eu jamais vou me esquecer que foi ela que me ajudou com meu primeiro amor, de como passávamos horas em cima da goiabeira no quintal de sua casa, de como sempre forjamos os mais belos mundos para nós e os mais belos destinos... Da forma como ela tratava a cada um de nós amigos, de como ela adorava ler meus contos e histórias e sempre torceu pela publicação de um deles, de como ela sempre será a nossa Velhinha da Caixa Bozó, ou de como ela cantava a música da Big White... Ou simplesmente da forma única que ela tinha de expressar o seu amor por todos nós...  Mas Deus e nossa Mãezinha precisaram de nosso anjo, de nossa eterna princesa.
Só ao tomarmos consciência da finitude podemos olhar a Lua com assombro, viver a poesia e nos confortarmos verdadeiramente nos braços do Pai. Pode parecer contraditório, mas precisamos saber o quanto somos pequeninos diante do Universo para conseguirmos compreender como é grandioso estar vivo e não cair na verdadeira tragédia: passar a vida à toa, não buscar o amor de Deus, contentar-se com pouco, fechar-se para a felicidade. Nessa nova fase vou aproveitar ainda mais os meus amigos, os de longe e os de perto, do céu e da Terra. Haritânes provou que viver entre amigos e junto a Deus é a melhor vida que alguém pode ter. E não poderíamos querer outra!

Sentiremos muito a sua falta, meu anjo... Interceda por nós!



Ao som de "Song to The Siren", This Mortal Coil

domingo, 17 de outubro de 2010

Dezessete de outubro de dois mil e seis...

Quatro anos agora, não é mesmo?

O meu último post foi para você, e eu o escrevi de uma forma na qual ele completasse este aqui. Quatro anos se passaram e estamos vivos e acima de qualquer suspeita. Depois de tudo, penso que nó fomos as pessoas mais fortes deste mundo. Nós vencemos tanta coisa, passamos por tudo e agora nada mais daquilo representa perigo algum. E se existe algum perigo, esse vem de dentro de nós, ainda escapando de nossos mundos imaginários. E sobre estes, já podemos dizer que temos pleno controle.
Ah, minha Mialle... Essa é a grande questão: a nossa amizade se construiu de um modo tão peculiar que talvez por isso esteja tão mais bem preparada para tudo. Estas grandes miudezas, estas pequenas grandiosidades. Tudo nos cerca de um modo tão lindo, de um modo tão perfeito, que eu não quero mudar uma pincelada sequer desta nossa pintura, de nosso céu tão bem arquitetado com as nossas mais preciosas estrelas. Estrelada, noite estrelada.
E me lembro de tudo, de como vi aquela garota esnobe me olhar de modo debochado, de como pouco tempo depois falávamos de bruxaria e Harry Potter como se fôssemos as pessoas mais íntimas do mundo... E de como tudo se fortaleceu de um modo tão doce e tão profundo que para sempre aquele início vai ecoar no tempo... Algo como uma lenda, um conto para aquecer corações do futuro ou do passado. 
E ainda posso sentir seu cheiro, o toque trêmulo de suas mãos nas voltas de meus cabelos, nossos abraços demorados e cheios de entrelinhas. E percebo que tudo o que vivemos vai estar para sempre comigo... É impossível apagar, assim como é impossível cortar os laços que se firmaram entre as fitas roxas e verdes entrelaçadas no nosso firmamento...

 WOAINI PARA SEMPRE!



Ao som de "Scars On Land", Kings Of Convenience

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Desde que eu me lembre...


É assim que me sinto agora. Exatamente no controle, como sempre deveria ser. Mas agora você também pilota ao meu lado e então vamos vencendo todos os obstáculos dessa longa estrada de nossa mui estranha amizade...
Eu sabia que ritualizaria tudo para lhe escrever tal carta. O incenso que exala o cheiro de Damas da Noite aceso, a meia luz para dar o nosso clima e aspecto de uma noite fria, as músicas que sempre embalarão a valsa louca de nossas memórias. E então é seu aniversário... E então são dezenove anos de idade. Sinto como se estivéssemos à beira de voar e peço que você não solte a minha mão.
Quero que a segure bem firme, pois estou disposto a te levar pelo infinito comigo, afim de que flutuemos nas brumas que envolvem Avalon ou que assim pousemos para sentir as mornas ondas que banham as praias de Atlântida.
E que não descubram nossos esconderijos, que não encontrem nossas máscaras depostas, que não nos acusem de nossos crimes silenciosos. Porque agora tudo parece tão normal dentro de todo este caos? O seu menino de olhos cinzentos já chegou, bateu a sua porta e então a fez voar também.
Mas então eu direi que aqui estou e que sei que jamais soltaremos nossas mãos... A Terra do Nunca nos chama, minha Wendy. Lembra que o tempo muda de acordo com o meu humor? E tudo é meio sem sentido mesmo ... Mas o que faz menos sentido nisso tudo é o fato de ainda sobrevivermos. Mas não estamos aqui para entender isso... Estamos aqui para viver isso.
Afinal, nem o inferno, nem os problemas, nem mesmo todas as pessoas do mundo, nem todas as desgraças e infortúnios, as lágrimas e a má sorte, nada pode separar uma amizade como a nossa. Nada pode nos manter distantes, nada pode fazer com que fiquemos sozinhos, mesmo que estejamos em pólos opostos do planeta.
Eu me apoiarei em você e você se apoiará em mim e então ficaremos bem. Nem todas as cidades, nem todos os países, nem toda a falta de condução, nem o Diabo! Nada, exceto o Único pode conosco.

Eu sempre estarei ao seu lado, Pad!


Sempre...  Feliz Aniversário Mialle!



WOAINI PARA SEMPRE!


IF YOU ARE ALONE, I’LL BE YOUR SHADOW.
IF YOU WANT TO CRY, I’LL BE YOUR SHOLDER.
IF YOU NEED TO BE HAPPY, I’LL BE YOUR SMILE.
BUT ANYTIME YOU NEED A FRIEND, I’LL JUST BE ME…


Ao som de "Elephant Gun", Beirut.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Todos estes nós aqui dentro...

É certo que tudo o que fazemos se torna um laço... E digo que minha vida as vezes parece um grande emaranhado, se é que você entende a metáfora que estou fazendo agora.
Mas o que quero perguntar é que... E quando estes laços se tornam nós? E quando estes nós apertam não só em seu coração, mas também em sua garganta, pulsos e em tudo o que o faz lembrar daquilo que se denomina de afetividade?
Não sei, ando tão insensível... Mas nos últimos dias, confesso, ando choroso e demorado. Estou parecendo o Saymon antigo, aquele que morreu lá na mesa de cirurgia há um ano e quatro meses atrás.
E ainda tem a mais constante das questões: as do coração. Eu acho que eu nunca quis TANTO que isso fosse mais fácil pra mim. Mas, quando você fica tempo demais dentro de uma concha de perdas e frustrações , não é de se estranhar que a luz machuque os seus olhos.
Não sei, as vezes eu também me acho absurdamente chato com esse lance 'eternamente frustrado' ou 'o sem sorte' ou simplesmente 'o sem jeito pra essas coisas'.
Mas ontem me disseram que há um tempo pra tudo... Tempo. Já faz um tempo que parei de me importar, já faz um tempo que eu nem sei como é sentir, já faz um tempo que eu nem consigo fechar os olhos e lembrar de algo que me faça feliz nessa área.
Mas eu fiz isso consciente. É como ter uma jóia nas mãos e não usá-la por ser pesada demais. E o seu peso só me levou para baixo, sempre mais fundo. Eu tive de me livrar daquilo! Mas agora procuro meios de resgatá-la, de sondar afim de encontrá-la.
Isso aqui nem era pra ser um desabafo, sabia? Mas é que hoje tive tantos sentimentos ao mesmo tempo! E desabafo é coisa de bêbado... Prefiro dizer que isso foi só um momento de fraqueza. Já chega, tô parando por hoje...

Preciso desfazer vários desses nós para que o Grande Tear volte a girar.


Ao som de "Alice", Cocteal Twins

sábado, 2 de outubro de 2010

October ^^

No momento em que eu vi a cidade avermelhar e o céu parecer se contorcer, eu me enchi de felicidade tremenda.
Senti meus cabelos se erguerem com a súbita ventania que entrava com violência pela janela do escritório trazendo folhas e pó. 
Senti vontade de correr para o pátio da empresa e rodar até cair e sentir as gotas pesadas caírem com violência. Estava precisando tanto de um dia chuvoso que fiquei tão eufórico que poderia gritar!
Dali a pouco a brisa fria entrou como um amiga saudosa, trazendo o cheiro de terra molhada que me lembra paz, chocolate e coisas felizes.
Enfim, outubro já deixou sua mensagem. Mostrou porque me faz feliz. Além de ser repleto de datas especialíssimas ele é o primeiro dos três meses faltantes para o início do fim. O princípio para que venha o meio e o fim. E agora penso que tenho tudo para fazer um Samhain perfeito, mas lembro que não tenho pessoas para isso. Talvez um Esbat role, mas de forma bem rasa.

Hoje falei sobre as pessoas. Contei do quanto não as consigo entender, contei da minha mágoa contida e da minha raiva ressentida. Mas falei também sobre a minha indiferença e sobre o quanto isso parece nem importar mais. Mas se eu falo importa, não é mesmo? Bom, incógnita mesmo é o que a chuva faz com meus sentidos... E com toda essa onda "nonsense" lembro o que eu disse:

"As pessoas não têm noção do que podem fazer com as vidas umas das outras. Mas isso não importa. EU sei."

Ao som de "The Cruel Mother", Lothlórien.