quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Twelve - The person you hate most


Sirva ainda frio o seu coração.

Ódio. Essa palavra é forte demais e por demais pessimista. Às vezes lembro-me de você como algo que me instiga ao ódio. Porém a capacidade de te odiar é inativa em mim. Você sabe disso e eu já disse. E é pelas coisas que eu disse que você sempre acha um jeito de me atingir bem fundo, mexendo numa ferida que eu prefiro nem lembrar. Sim, porque eu lembro... E como lembro. E essa é a faceta negra disso tudo. Você sabe que eu lembro, sabe da minha nostalgia tão corriqueira e parece gostar de me ver exatamente como eu era quando nos deixamos. Triste, acudo e cheio de máscaras sem utilidade.
E os sonhos que enterramos? E as tempestades que provocamos? E todas as coisas que esperamos e que nunca vieram?  Sei que em algum tempo incólume nossas almas esperam, nossos dedos se entrelaçam e se retém. Você diz que já não se importa... Mas sabe que eu me importo. E sabe o quanto eu odeio me importar, o quanto eu detesto ter que estar sozinho em uma causa, o quanto me dói aceitar que continuo sozinho em muitas causas. Quando se fode com a alta estima de alguém por um ano e meio é meio difícil tentar cobrar algo, não é verdade?
E se eu disser que não me sinto culpado? Você se irritaria? Sabe, eu gostaria que você se irritasse, pois assim eu saberia que você já não se encontrava indiferente. E por mais que estejamos distantes, por mais que os nossos carinhos tenham se tornado tacanhos, por mais densa que seja a cortina de bruma que ainda nos separa em nossos novos mundos, por mais que isso doa como dói, nada é pior do que a indiferença. Sabe por quê? Ela me lembra pena... E para mim, o pior sentimento que se possa sentir por uma pessoa além de pena é a indiferença.
Você sempre afirmou que eu nunca chorei ou choraria como você. E eu me pergunto se sua indiferença deixou que você enxergasse as lágrimas que corriam pelo meu ego. Foi tudo uma questão de ego ferido? Tudo uma questão de uma disputa burra de valores? Não, foi algo sublime e em algum lugar ele permanece bem e esperando, como se nada jamais tivesse acontecido, como se nós jamais tivéssemos passado por uma guerra ou como se agora não tivéssemos nenhuma das cicatrizes do ontem.
Eu era um coração pesado para carregar e tudo parecia muito deprimido. Eu atei meus dedos ao seu pescoço mesmo sabendo que você me deixaria ali lentamente pra que eu me afogasse em meus lamentos, em todas as coisas que me faziam chorar. Meu amor tem os pés de concreto e é como uma bola de metal maciço, não é verdade? Acho que ninguém aguentaria. Sou muito pesado para seus braços...
 E valeu a pena esperar todo esse tempo desperdiçado? Responda-me se você é forte o suficiente para ficar protegendo tanto o seu quanto o meu coração. Quem é o traidor? Quem é o assassino no meio da multidão? Eu quero que neste momento esta seja a minha última confissão: Eu TE AMO como nunca senti uma bênção. E sussurro isso como se fosse um segredo para condenar aquela que lê isso com um coração ainda pesado. Não tenho todas as suas armas. E é essa a única forma que eu tenho de me vingar.


Ao som de “Marcas de Ayer”, Adriana Mezzadri