Prometi para mim mesmo que não
assistiria ao filme deste livro enquanto não o lesse, e assim o fiz. De certa
forma eu agradeci por estar desligado do mundo virtual, pois ele já teria me
proporcionado spoillers demais, ou mesmo desmotivações. Li sem saber onde
pisava; em que território adentrava; uma experiência totalmente nova. Ontem,
pela manhã, vi o trailer pela primeira vez e fiquei impressionado com o quanto
tudo está absurdamente fiel ao livro. Só faltavam algumas poucas páginas para
que eu concluísse a leitura e então o fiz.
Saymon, 03/07/2012, 21h28min – numa noite abafada, com o
coração quebrado.
Quando assinei a última página do
livro com lápis como sempre faço para documentar a data e a hora em que
terminei de ler o livro, eu me sentei na cama, meio atônito, com a garganta
apertada e simplesmente não sabia no que pensar direito.
Talvez optasse por analisar, como
disse Tony Parsons, “o assombroso hiato entre o que éramos e o que somos”.
Pensei por horas em diversas
possibilidades, me vi nostálgico, me vi cheio de planos e ao mesmo tempo parado
no espaço, sem reação.
Por doze dias tive a companhia
constante de Dexter Mayhew e Emma Morley. Observei suas vidas, suas idas e
voltas, me identifiquei de forma assustadora com a Em e tive muita vontade de socar
a cara do Dexter, que mesmo sendo “bonitão”, conseguiu me tirar do sério por
muitas páginas. Prometi que não devoraria esse livro, desde o começo quis
degustá-lo de forma que pudesse entendê-lo em todas as suas formas, metáforas,
observações inteligentes e um sentimento tão pungente que já fazia algum tempo
eu não sentia tão próximo de mim.
O que primeiramente me fascinou
foi o fato de que este livro foi narrado com um discernimento tão preciso e
verdadeiro, que chega a ser constrangedor. Minha juventude não foi nos anos
70/80, embora às vezes eu me julgue mais antigo que isso. Nunca tive um romance
que me turvasse os sentidos e parecesse ser perene, ainda não me formei na
faculdade e por vezes me sinto absurdamente obsoleto para muitas coisas que eu
já deveria ter feito, mas erroneamente deixei que o fulgor se apagasse, mesmo
que meus anos sejam ainda tão poucos e ainda cheirem a coisa razoavelmente
nova.
Nostalgia, motivação, mudança,
rupturas, nada de anedotas, culpa, baixa autoestima, egocentrismo, não sei
explicar direito. Senti tudo de uma forma compacta e muito íntima, mas ainda
assim crendo que todos os que leram não foram privados destas sensações e
sentimentos. É difícil encontrar um romance que trate o passado recente com
tanto conhecimento de causa. É ainda mais raro encontrar algum em que os
protagonistas sejam construídos com tanta solidez, com uma fidelidade tão
dolorosa à vida real.
Eu sinceramente não gosto de ler
e nem de fazer resenhas sobre livros, hoje em dia há tantos blogs e fóruns sobre
isso e eu não leio nenhum deles, não tenho paciência. Não sei se porque já fiz
tantas por obrigação que acabei adquirindo uma relação de amor e ódio
com as mesmas. Mas me dispus porque achei que seria uma ingratidão com todos os
sentimentos que me vieram enquanto eu lia e quando enfim, terminei a leitura.
Tanto é que até consegui ser breve.
E por favor peço que não me levem
a mal, que não me tomem por uma pessoa com sérios sintomas de carência crônica
e/ou solidão em potencial, mas acontece que Dexter e Emma realmente mexeram
comigo de um jeito que não sei explicar direito. Esta obra é uma análise
minuciosa e habilmente construída sobre o que fomos e o que poderemos nos
tornar, mas o que realmente me influenciou a uma notória ruptura foi o fato de
este é um escrito inteligente, engraçado, sagaz e, por vezes, insuportavelmente
triste.
E repito aqui, balbuciando pra
não perder a magia do momento:
Você é linda, sua velha rabugenta, e se eu pudesse
te dar só um presente
para o resto da sua vida seria este.
Confiança.
Seria o presente da Confiança.
Ou isso ou uma vela perfumada.
Sempre Dex e Em, Em e Dex.
Ao som de “St Swithin’s Day”, Billy Brag (que tocou apenas na minha cabeça,
com notas que desconheço, meio que fantasiosamente embalada por Ólafur Arnalds).
5 pessoas se inspiraram:
Muito lindo, me deu ainda mais vontade de ler o livro, é tão bom quando um livro toca bem fundo na gente despertando sentimentos confusos, quando você fica dias com ele na cabeça. Curiosa para ver qual será a minha reação ao lê-lo.
Como em a menina que roubava livros vc me encheu de expectativas sobre esse livro! E tenho certeza de que esse livro não vai me decepcionar, provavelmente me apaixonarei por cada linha como aconteceu com o outro livro.
Lindo post!
:)
Nossa, agradeço por aumentar em mais um a lista de livros que quero ler, e mais, por colocá-lo entre os primeiros.
Saymon, querido, entendi perfeitamente cada palavra do que disse, pois já senti as mesmas sensações com algumas (poucas) leituras. E é impressionante como, por mais que a gente tente explicar, ainda sim as palavras não expressam a totalidade do que sentimos.
Enfim, agora fiquei MESMO com vontade de ler esse livro ! Vou procurar, e depois volto para dar meu testemunho, seguindo sua dica de não devorar um livro (é um esforço enorme, mas vale à pena).
P.S: compartilho da mesma impaciência com as resenhas literárias.
Eu quase quis ler, mas como não vou conseguir achar a capa antiga sem ator, então será dificil, alias, nem encontramos ele ainda no salão do livro, qualquer que seja a capa.
Foi um post muito bonito, mas como recentemente cansaram de histórias de amor entre humanos e (ser sobrenatural a sua escolha) passaram pra Nicholas Sparks e outras histórias de amor do tipo, ainda não to com vontade de tentar nenhum já que li romances enough desde que a babi me emprestou a coleção primeiro amor dela (kkkk). Mas você sempre dá um jeito de fazer as coisas parecerem realmente interessantes. Vou ver o filme, talvez.
Saudade de você, queria você aqui. Não gosto de resenha, mas pq geralmente quando procuro uma resenha, nego colocou a sinopse do livro e escreveu duas linhas dizendo "muito bom, recomendo, adorei". CARALHOS
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