Se lembrar dos tempos, dos nossos momentos... Lembre da nossa música.
Naquele 26 de janeiro de 2007 eu levantara mais melancólico do que de costume. Na noite passada meu espetáculo fora notável diante de uma platéia de amigos. Àquela altura, de manhã, eu já havia feito o nariz de um colega sangrar e metade de suas canetas estourarem com meus sortilégios afoitos... E eu não dirigi uma palavra sequer a você, porque sabia que te machucaria. E segui assim até o meio da manhã, me roendo de vontade de falar contigo. Mas me desculpe... Eu precisava ser mais teatral ainda. Precisava consolidar o meu "grand finale".
E bem ali, no meio do pátio mesmo, enquanto você subia cabisbaixa, eu me aproximei sorrateiramente. Naquele momento o vento nos envolveu e eu olhei bem fundo em seus olhos. Você abriu os lábios para balbuciar algo, mas logo eu os serrei com meu indicador, num gesto de silêncio repentino. E suas palavras fugiram, escaparam. E eu somente te abracei quando naquele momento a música tocou em meus ouvidos. E todos olharam, todos coxixaram, mas só nós sabíamos a importância daquele gesto. Até hoje eu não sei denominar aquela música, mas sei que ela pôde ser ouvida em todo o Universo. Você vai sempre estar em meus melhores espetáculos, Mialle.
Foi a primeira vez que percebemos o quanto aquele lugar era alto. Minhas pernas tremiam e meus joelhos pareciam não querer me sustentar. Você exitou, mas me deu a mão e desceu junto comigo. Olhamos a rocha vermelha, o céu frio e avermelhado depois de um longo domingo chuvoso em que escutamos Epica horas a fio. Eu precisava de algo que raspasse a superfície dura da pedra para que deixássemos nossa marca lá. Era tão típico deixarmos nossos nomes aonde íamos... Era uma forma de dizer que éramos os Reis do Mundo, ou mesmo os Sultões de Cabul. Procurei até achar um velho caco de vidro. Com custo risquei nossos nomes na pedra, seguidos da data. 21 de outubro de 2007. E quando enfim terminei, com os dedos cortados, eu disse: "Pronto, um dia a gente volta aqui pra ver como o nosso nome vai estar". E quando juntamos nossas mãos, sentindo a pedra fria com os pés descalços, olhamos as luzes da cidade, o Homem de longos braços abertos sobre aquele monte e sentindo a brisa gélida passear entre nós, pudemos perceber: nós éramos os Reis do Mundo. E nós nunca voltamos lá... Mas este mundo ainda é nosso. Tudo é nosso, Janaína... Desde o princípio.
Eu não conseguia me conter de tanta ansiedade. Já naqueles dias eu nem queria tanto que as pessoas se importassem, porque afinal nenhuma delas saberia realmente como eu me senti. 21 de maio de 2010. Era a véspera da data em que faria um ano em que eu voltara de um coma. E tantos planos ocupavam a minha mente... E você apenas me olhou, segurou em minha mão e me guiou até o gramado que adorna o anfiteatro. E nós deitamos afim de admirar o céu estrelado que estava especialmente espetacular naquela noite. E naquele momento eu pude contemplar toda a beleza da vida, pude sentir toda uma Via Láctea dentro do meu peito... Pulsando e irradiando a vida com a qual eu tanto me importava agora. E eu não quis mais saber de nada. Começou a tocar Cazuza e nos lembramos de muita coisa... E você me pediu: "Promete que não morre mais longe de mim?". E eu te abracei forte e me senti tão feliz que meu peito doeu. Mas então Cazuza completou tudo o que eu queria dizer. Faz parte do meu show, meu amor... Você Maiza é um dos meus símbolos de vida, um amuleto dado pelo Único.
E se eu contasse todas as minhas memórias, definharia aqui na frente desta tela. Esses são pedaços de felicidade que flutuam em minha mente e que eu consegui segurar novamente por alguns segundos. E se não fossem vocês? E se não fosse tudo o que passamos? Muita coisa já teria se perdido. E elas se perdem, é óbvio, mas não são como as nossas que nos observarão por toda a eternidade... Sim, porque somos eternos.
Ao som de "Roslyn", Bon Iver & St, Vincent.
E bem ali, no meio do pátio mesmo, enquanto você subia cabisbaixa, eu me aproximei sorrateiramente. Naquele momento o vento nos envolveu e eu olhei bem fundo em seus olhos. Você abriu os lábios para balbuciar algo, mas logo eu os serrei com meu indicador, num gesto de silêncio repentino. E suas palavras fugiram, escaparam. E eu somente te abracei quando naquele momento a música tocou em meus ouvidos. E todos olharam, todos coxixaram, mas só nós sabíamos a importância daquele gesto. Até hoje eu não sei denominar aquela música, mas sei que ela pôde ser ouvida em todo o Universo. Você vai sempre estar em meus melhores espetáculos, Mialle.
Foi a primeira vez que percebemos o quanto aquele lugar era alto. Minhas pernas tremiam e meus joelhos pareciam não querer me sustentar. Você exitou, mas me deu a mão e desceu junto comigo. Olhamos a rocha vermelha, o céu frio e avermelhado depois de um longo domingo chuvoso em que escutamos Epica horas a fio. Eu precisava de algo que raspasse a superfície dura da pedra para que deixássemos nossa marca lá. Era tão típico deixarmos nossos nomes aonde íamos... Era uma forma de dizer que éramos os Reis do Mundo, ou mesmo os Sultões de Cabul. Procurei até achar um velho caco de vidro. Com custo risquei nossos nomes na pedra, seguidos da data. 21 de outubro de 2007. E quando enfim terminei, com os dedos cortados, eu disse: "Pronto, um dia a gente volta aqui pra ver como o nosso nome vai estar". E quando juntamos nossas mãos, sentindo a pedra fria com os pés descalços, olhamos as luzes da cidade, o Homem de longos braços abertos sobre aquele monte e sentindo a brisa gélida passear entre nós, pudemos perceber: nós éramos os Reis do Mundo. E nós nunca voltamos lá... Mas este mundo ainda é nosso. Tudo é nosso, Janaína... Desde o princípio.
Eu não conseguia me conter de tanta ansiedade. Já naqueles dias eu nem queria tanto que as pessoas se importassem, porque afinal nenhuma delas saberia realmente como eu me senti. 21 de maio de 2010. Era a véspera da data em que faria um ano em que eu voltara de um coma. E tantos planos ocupavam a minha mente... E você apenas me olhou, segurou em minha mão e me guiou até o gramado que adorna o anfiteatro. E nós deitamos afim de admirar o céu estrelado que estava especialmente espetacular naquela noite. E naquele momento eu pude contemplar toda a beleza da vida, pude sentir toda uma Via Láctea dentro do meu peito... Pulsando e irradiando a vida com a qual eu tanto me importava agora. E eu não quis mais saber de nada. Começou a tocar Cazuza e nos lembramos de muita coisa... E você me pediu: "Promete que não morre mais longe de mim?". E eu te abracei forte e me senti tão feliz que meu peito doeu. Mas então Cazuza completou tudo o que eu queria dizer. Faz parte do meu show, meu amor... Você Maiza é um dos meus símbolos de vida, um amuleto dado pelo Único.
E se eu contasse todas as minhas memórias, definharia aqui na frente desta tela. Esses são pedaços de felicidade que flutuam em minha mente e que eu consegui segurar novamente por alguns segundos. E se não fossem vocês? E se não fosse tudo o que passamos? Muita coisa já teria se perdido. E elas se perdem, é óbvio, mas não são como as nossas que nos observarão por toda a eternidade... Sim, porque somos eternos.
Ao som de "Roslyn", Bon Iver & St, Vincent.
3 pessoas se inspiraram:
Eu tinha exatamente toda a certeza que aquele episódio viria se tornar uma das nossas melhores memórias... Foi tudo muito espontâneo, inclusive as músicas, que iniciavam da melhor forma e na sua melhor forma.
Te amo, mendoin. E não é absurdo frisar que pertence a você minhas melhores lembranças.
beijos.
esse foi um dos melhores e mais incríveis momentos de todos.
foi incrivel e realmente um momento tão nosso que nem tem como dizer mais nada. só nós sabemos o que significava.
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