Não percebi que era um sonho mesquinho. E quando reclamava que eras rude comigo, tu me dizias que rude era o mundo lá fora. Eu sempre me mantive alheio a tudo o que se passava. Mas enquanto tudo girava, tudo desembocava em horrendos turbilhões, eu transformava minha vida numa frivolidade.
Meus amores, meus teatros, meus sonhos, nada tinha importância perto do que era verdadeiramente a vida. Reclamava que a vida não realizara meus sonhos de amor, minhas quimeras viajantes, só que a vida tem obrigações muito mais urgentes, muito maiores.
Tu disseste que meu capricho me amesquinha. E te digo que meu amor, esse meu jeito romântico e absurdamente melancólico que escondo o tempo inteiro, mas que só tu conheces tão bem, eram o que devagar me impulsionavam.
Mas digo que meu amor não é um capricho mesquinho. É apenas algo de rebelde em mim, que não condiz com minha sensatez quieta e por vezes calada. Por muito tempo não enxerguei nada além de minha tola e insensata fantasia. E tive vontade de te pedir pra se calar, de te olhar com pretextos bobos pra calar sua boca. Nunca tive nenhum. Me calava porque a verdade é atroz,não é?
Por muitas vezes me censuraram porque eu tinha a mania de ver a vida pela óptica do amor, das paixões ardentes além-morte, tu também, às vezes, mas terminava sonhando junto comigo, enquanto muitos a nossa volta viam a vida pela óptica do ciúme e despeito.Você nunca foi de romances, mas sempre esteve segurando minha mão.
As vezes me parecia que os sentimentos não te importavam, mas para mim eles eram vitais. E como disse, às vezes era ríspida, me chacoalhava de meu mundo de sonhos. E eu pedi que se me amasse, me poupasses. Com o passar do tempo alegava que a falta de minha paz, não te dava o direito de ser tão cruel.E percebi que eu era o mais cruel. Em meu desamparo, em minha doçura estranha, eu te feria de morte sem perceber.
E te peço perdão por todas as lágrimas que te provoquei, por todas as impossibilidades, pelas bipolaridades e por as vezes ser tão frívolo e indiferente. Perdoa-me por não querer que me esqueças, que me deixe de vez. Quero aprender mais contigo e deixar que o momento me leve e que o passado passe como tem que ser. Me ensinas?
Mesmo que seja irritante esse meu jeito 'Manuela' de escrever, esse meu jeito antigo que uma vez me disse parecer vir de "outra era". São tantos os motivos que eu escreveria sem parar, mas o verdadeiro perdão virá quando eu te abraçar bem forte novamente. Te amo.
Ao som de "Vidas, Amores e Guerras", Marcus Viana.
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